Existem muitos
escravos e poucos servidores. Existem muitos que se fazem escravos do dinheiro,
do poder, da vaidade e do orgulho. Existem outros que se deixam escravizar pelo
perfeccionismo, pelo computador e pelas novelas. Existem outros que se fazem
escravos do álcool, do cigarro e da droga.
Existem os que são cheios de si
mesmos e não abrem espaço para a alegria, para a paz interior e para o amor
fraterno. Existem os prisioneiros das próprias ideias e dos próprios conceitos
e não admitem que alguém pense diferente.
Existem também muitos que
decidiram amar e decidiram servir com alegria e com desprendimento. Descobriram
que o amor aproxima e torna as pessoas semelhantes entre si. Descobriram que o
servir faz com que as pessoas aprendam a partilhar ideias, pensamentos,
projetos e esperanças.
Quando alguém decide servir
esvazia-se de si para melhor realizar sua missão. Quanto menos guardar para si
mais terá para distribuir. Quanto menos buscar para si mais disporá para
servir. Sabe que a grandeza do coração depende do libertar-se dos apegos e
encher-se de generosidade.
Quem decide doar-se é porque
descobriu a riqueza do amor. Mesmo que o mundo não entenda que homens e
mulheres possam assumir esse amor e comungar sentimentos os mais ricos e os
mais emocionantes, mesmo assim continuará existindo esse milagre em favor dos
pobres e dos sofredores.
São pessoas comuns. Pessoas de
muitos defeitos e também de muitas qualidades. Pessoas que sabem ver nos
defeitos uma escola a ensinar a ser mais humilde. Pessoas que sabem ver nas
qualidades um compromisso de servir generosamente os menos qualificados.
Pessoas que não se preocupam com Deus. Ocupam-se com os filhos de Deus.
Essa é a chamada vocação do
servir. Um servir sem buscar publicidade e sensacionalismo. Não ergue
monumentos. Não expõe placas de obras. Não convoca a imprensa. Sua ação se
efetua na humildade e na graça de Deus. E isso é tudo o que alguém possa
desejar.
Mas o mundo anda muito confuso. As
pessoas andam inseguras e indecisas. Algo angustia: “Servir a quem”? “Servir
como”? Parece que as atividades do dia a dia não permitem parar para pensar,
para constatar que ao lado existem seres humanos implorando compaixão. Existem
seres humanos suplicando atenção e
esmolando uma palavra de conforto e de esperança.
Parece que a sociedade não existe.
Existe o “eu” e não existe mais o “nós”. O “eu” tem que lutar e tem que brigar
para alcançar uma posição que lhe garanta conforto, riqueza e bem estar. O
outro não pode existir, pois criaria competição e cada um quer ser único nesse
mundo de desconhecidos.
Então tornar-se-á difícil fazer
chegar a essas mentes uma realidade espiritual. Essa continuará sendo assunto
para uma pequena parcela da humanidade. Parcela essa ameaçada de extinção. É a
parcela dos que escolhem a vida religiosa, ou consagrada, para continuar
revelar ao mundo que ainda é possível decidir pelo servir.
Frei
Venildo Trevizan
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