sábado, 2 de novembro de 2013

VIDA OU MORTE?

              Dia de Finados. Dia de lembranças, saudades, gratidão e louvor para quem findou sua vida no planeta terra. Dia de tristeza e de inquietação para quem se encontra na insegurança e na dúvida quanto ao que existirá após a morte.
              Uma simples cruz expressa uma vida de glórias, ou de derrotas, de conquistas ou de fracassos. Cada cruz, seja na beira do caminho, ou seja no cemitério, traz consigo uma história.
              São Francisco de Assis em seu Cântico das Criaturas revela um coração iluminado pela fé e pela simplicidade entoando um hino em que trata a tudo e a todos como irmãos e irmãs. Para ele todas as criaturas são obras do Deus Criador. Após uma vida marcada por muitos sacrifícios, muitas renúncias e um amor profundo à vida, Francisco de Assis se encontra também findando o seu tempo nesse mundo e vê a morte se aproximando.
              Numa atitude madura de fé e de amor ao autor da vida canta e acolhe também a irmã morte nessas palavras: “Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal da qual humano algum pode fugir! Ai daqueles que morrem em pecado mortal! Felizes os que a morte encontra conformes à tua santíssima vontade”.
              Essa expressão revela a alma e o pensamento de quem construiu sua vida nos alicerces da fé e do amor. Em tudo via e celebrava a grandeza e a ternura do Criador. Não via maldade em ninguém. Via boa vontade em todos. Via um desejo profundo de felicidade e de realização em todos. Até mesmo as pessoas temidas pela comunidade ele as tratava com respeito, pois as considerava filhas do mesmo Deus. Buscava para todas a misericórdia divina.
              Mas nem todos pensam assim. São poucas as pessoas que verdadeiramente não temem a morte. Continua sendo uma incógnita para os pensadores e um mistério para os místicos. Toda a tentativa em desvendar essa incógnita, ou esse mistério, esbarra na limitação da inteligência humana.
              Contudo, as pessoas que alimentam sua fé e sua confiança em Deus, cultivam atitudes bem mais seguras em relação à morte. Superam os medos e as interrogações na medida em que refletirem e constatarem o significado da ressurreição de Jesus Cristo.
              A partir da ressurreição, Jesus garante a todos que, crendo nele, também ressuscitarão para uma vida plena: “Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá para sempre”. (Jo.11,25)
              Essa certeza o Ressuscitado, não apenas anunciou como testemunhou. No terceiro dia de sua morte ressuscitou glorioso e triunfante. Essa constatação é algo que ninguém poderá contestar e muito menos duvidar.
              O medo frente à morte é algo natural a todo o ser humano. Não vale a pena desgastar-se com isso. É bem melhor apegar-se à vida. Cultivar valores, alimentar sentimentos de bondade, otimismo e alegria.
              É bem mais consolador construir obras que marquem a trajetória da vida como herança honrosa aos demais. E sempre cultivar uma fé criativa em comunhão com o Criador.
                                                         Frei Venildo Trevizan

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