quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A DECISÃO DE SERVIR


            Existem muitos escravos e poucos servidores. Existem muitos que se fazem escravos do dinheiro, do poder, da vaidade e do orgulho. Existem outros que se deixam escravizar pelo perfeccionismo, pelo computador e pelas novelas. Existem outros que se fazem escravos do álcool, do cigarro e da droga.

              Existem os que são cheios de si mesmos e não abrem espaço para a alegria, para a paz interior e para o amor fraterno. Existem os prisioneiros das próprias ideias e dos próprios conceitos e não admitem que alguém pense diferente.

              Existem também muitos que decidiram amar e decidiram servir com alegria e com desprendimento. Descobriram que o amor aproxima e torna as pessoas semelhantes entre si. Descobriram que o servir faz com que as pessoas aprendam a partilhar ideias, pensamentos, projetos e esperanças.

              Quando alguém decide servir esvazia-se de si para melhor realizar sua missão. Quanto menos guardar para si mais terá para distribuir. Quanto menos buscar para si mais disporá para servir. Sabe que a grandeza do coração depende do libertar-se dos apegos e encher-se de generosidade.

              Quem decide doar-se é porque descobriu a riqueza do amor. Mesmo que o mundo não entenda que homens e mulheres possam assumir esse amor e comungar sentimentos os mais ricos e os mais emocionantes, mesmo assim continuará existindo esse milagre em favor dos pobres e dos sofredores.

              São pessoas comuns. Pessoas de muitos defeitos e também de muitas qualidades. Pessoas que sabem ver nos defeitos uma escola a ensinar a ser mais humilde. Pessoas que sabem ver nas qualidades um compromisso de servir generosamente os menos qualificados. Pessoas que não se preocupam com Deus. Ocupam-se com os filhos de Deus.

              Essa é a chamada vocação do servir. Um servir sem buscar publicidade e sensacionalismo. Não ergue monumentos. Não expõe placas de obras. Não convoca a imprensa. Sua ação se efetua na humildade e na graça de Deus. E isso é tudo o que alguém possa desejar.

              Mas o mundo anda muito confuso. As pessoas andam inseguras e indecisas. Algo angustia: “Servir a quem”? “Servir como”? Parece que as atividades do dia a dia não permitem parar para pensar, para constatar que ao lado existem seres humanos implorando compaixão. Existem seres humanos suplicando  atenção e esmolando uma palavra de conforto e de esperança.

              Parece que a sociedade não existe. Existe o “eu” e não existe mais o “nós”. O “eu” tem que lutar e tem que brigar para alcançar uma posição que lhe garanta conforto, riqueza e bem estar. O outro não pode existir, pois criaria competição e cada um quer ser único nesse mundo de desconhecidos.

              Então tornar-se-á difícil fazer chegar a essas mentes uma realidade espiritual. Essa continuará sendo assunto para uma pequena parcela da humanidade. Parcela essa ameaçada de extinção. É a parcela dos que escolhem a vida religiosa, ou consagrada, para continuar revelar ao mundo que ainda é possível decidir pelo servir.

                                                                                     Frei Venildo Trevizan

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